sexta-feira, 5 de junho de 2015

Como montar um serviço de alimentos congelados - PARTE 2

2. Mercado






Mercado Consumidor
O mercado consumidor de alimentos congelados no Brasil apresenta demanda fortificada e crescente, tendo por base a característica de praticidade destes produtos, que já vêm cortados, limpos e pré-cozidos, bastando apenas fritá-los ou aquecê-los para consumi-los. O ritmo atribulado do cotidiano e aumento do poder aquisitivo do brasileiro, auxiliado pelas inovações de soluções e variedade de produtos das indústrias do setor, juntamente com o barateamento de equipamentos tecnológicos de aquecimento de alimentos, fez com que o volume da procura por pratos congelados no país aumentasse 78,8%, entre 2004 e 2008, conforme pesquisa do Instituto Nielsen publicada no portal da Associação Brasileira de Supermercados em 2010. Além dos produtos mais comuns, como salgados, empanados, hambúrgueres e massas, a linha de produtos congelados é cada vez mais extensa, encontrando-se no mercado até mesmo frutas e vegetais congelados.

Os clientes diretos dos produtos de uma fábrica de alimentos congelados, normalmente, são hiper e supermercadistas, comerciantes de menor porte “de bairro”, restaurantes, lanchonetes, bares. Já o consumidor final são os clientes e freqüentadores destes estabelecimentos ou ainda de uma loja de comercialização própria da empresa.
Segundo o banco de dados IPC Maps, elaborado pela empresa IPC Marketing com dados divulgados por instituições oficiais, em 2011, o consumo com alimentação no domicílio dos brasileiros foi de R$ 251,17 bilhões de reais, a segunda categoria mais consumida depois de manutenção do lar, e R$ 121,38 bilhões com alimentação fora do domicílio, totalizando o potencial de consumo de R$ 372,55 bilhões para gastos dos brasileiros com alimentação em geral. Quanto à segmentação do mercado consumidor, dados de mesma fonte apontam que no potencial de consumo no Brasil em 2011 para alimentação no domicílio, destaca-se a participação das classes B e C com a soma de R$ 203,86 bilhões de reais seguido da classe A com R$ 24,39 bilhões de reais em gastos com alimentação no domicílio naquele ano. Em gastos com alimentação fora do domicílio aponta-se a classe B como a mais representativa com 46,8% dos gastos com essa categoria no país, seguida da C e A com respectivamente 30,64% e 17,74%. Dessa maneira, pode-se observar que no Brasil o perfil do consumidor para os produtos da fábrica de alimentos congelados seria a população das classes A, B e C, cujas faixas de rendimento familiar estão compreendidas entre R$ 933,00 e R$ 14.366,00 reais mensais, conforme valores da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa.
A consciência ambiental destes consumidores é evidente e tende a aumentar à medida que o tema sustentabilidade está cada vez mais em voga nas políticas públicas e meios de comunicação. Existe interesse latente em saber como os alimentos consumidos são produzidos, o que demanda das empresas de processamento de alimentos, maiores cuidados e reações diante destas novas expectativas, principalmente em torno da saúde e segurança do consumidor e cuidados com o meio ambiente.

Mercado Concorrente






O mercado concorrente atuante no Brasil apresenta-se bastante pulverizado e diverso, desde a presença de grandes fabricantes de alimentos congelados que atuam em todo o país, até pequenos produtores de pães e salgados congelados com produção quase que artesanal para atendimento ao mercado local.

A depender do modelo de negócios que a empresa escolher utilizar, com vendas a supermercados, estabelecimentos de food-service ou diretamente ao consumidor através de espaço próprio de vendas, fabricantes de diferentes portes e foco de mercado podem surgir como concorrentes.
Caso a fábrica deseje comercializar seus produtos diretamente ao consumidor em loja própria, lanchonetes e bares, os concorrentes diretos neste caso poderão ser as empresas de menor porte e locais, com produção principalmente de pratos prontos, pães e salgados.

No caso de estratégia de inserção no mercado de super e hipermercados e em estabelecimentos franqueados de grandes redes de alimentação, deve-se atentar às grandes corporações do mercado de congelados que atuam no país, a exemplo das empresas catarinenses Brasil Foods (Sadia, Perdigão, Batavo), Gomes da Costa e Seara, as paulistas Massa Leve, Wessel, Pratigel e Daucy, a alemã Dr. Otker e a canadense McCain. O mesmo perfil de empresas que atende supermercados pode surgir como concorrente no caso da empresa optar por atender o ramo de restaurantes, no qual a matéria prima para as refeições servidas é comprada preferencialmente crua e fresca, porém há opções para o segmento de congelados principalmente em torno de linha de cortes de aves e bovinos, suínos e peixes, batata, mandioca, polenta em palitos e vegetais congelados, com exceção dos estabelecimentos que fazem parte de grandes redes de fast food, que têm a maior parte de suas matérias primas congeladas.
As políticas adotadas pela empresa relacionadas à sustentabilidade, quando bem divulgadas através de ações de marketing ambiental que fortaleçam a imagem de uma organização preocupada com as questões ambiental, econômica e social, podem colocá-la em posição de destaque frente a seus concorrentes, já que o consumidor moderno, principalmente das classes A e B, valoriza mais a marca e paga mais pelos produtos de instituições preocupadas com estas questões. A empresa também pode atuar considerando questões de sustentabilidade econômica junto a seus concorrentes, através de ações de concorrência ética perante as outras empresas que atuam no mercado.


Mercado Fornecedor

Para uma fábrica de alimentos congelados que deseja se instalar no país, os principais fornecedores de insumos e material de operação são:
•  Fabricantes de máquinas, equipamentos e utensílios como balanças, panelas, batedeiras industriais, liquidificadores, misturadores, formas para assar, fornos industriais, coifas, fritadeiras industriais, câmaras frias, estantes de congelamento, bandejas para estantes de congelamento, refrigeradores, mesas para produção, talheres, máquinas empacotadoras, ventiladores e aparelhos de ar condicionado;
•  Fornecedores de matéria prima como frutas, verduras, vegetais, carnes, farináceos, laticínios, condimentos, óleos, gorduras;
•  Fabricantes de ingredientes e aditivos como conservantes, estabilizantes, corantes, aromatizantes, leveduras, essências;
•  Fabricantes de embalagens;
•  Prestadores de serviço de assistência técnica especializada para os equipamentos e máquinas;
•  Fornecedores de mobiliário;
•  Fornecedores de equipamentos de tecnologia da informação;
•  Fabricantes de produtos de limpeza;
•  Fornecedores de material de expediente;
•  Lojas de confecção de uniformes e aventais;
Quanto à presença destas empresas no país, estão disponíveis fornecedores de equipamentos de TI, fabricantes de produtos de limpeza, fornecedores de material de expediente, lojas de confecção de uniformes e fornecedores de mobiliário a nível local, já que estes não se configuram como fornecedores de equipamentos ou materiais necessários para a boa qualidade do que se chama a área principal do negócio da empresa, neste caso, a qualidade dos alimentos congelados.
A indústria de embalagens brasileira, responsável pelo fornecimento de envoltórios de papel e plásticos para os congelados, possui produção que cresce a taxas médias de 1,5% ao ano, e estima-se gerar R$ 46 bilhões em 2012, segundo dados do estudo realizado pela Associação Brasileira de Embalagens e a Fundação Getúlio Vargas em 2011. De acordo com os números do setor, dentre os materiais utilizados para envoltórios de alimentos, as embalagens plásticas são as mais representativas, demonstrado pelo ocorrido em 2011, quando o decréscimo na produção de alimentos de 0,19% no país ocasionou numa queda de 2,67% na produção de embalagens plásticas. As indústrias plásticas que atendem ao segmento alimentício encontram-se pulverizadas em todo o país, porém há destaque para a região sudeste e sul do Brasil. Os fornecedores de frutas, verduras, legumes, carnes, farináceos, laticínios, condimentos, as principais matérias primas dos alimentos congelados, configuram-se como mercados municipais, sacolões e feiras livres, cooperativas de agricultores, frigoríficos, atacadistas e grandes supermercados, enfatizando-se a maior disponibilidade destes fornecedores e variedade de produtos oferecidos em maiores centros urbanos.
Quanto à disponibilidade de fornecedores de ingredientes e aditivos como conservantes, estabilizantes, corantes, aromatizantes, leveduras e essências, segundo artigo científico publicado em 2006 publicado no portal do Instituto Uniemp o mercado de ingredientes e aromas é dominado por empresas multinacionais, com algumas exceções que se encontram principalmente no sudeste do país. No caso de uma empresa de pequeno porte destes ingredientes os mais utilizados são corantes, leveduras e essências, os quais podem ser adquiridos junto aos mesmos distribuidores de alimentos e grandes supermercados.
As máquinas, equipamentos e utensílios de refrigeração e cozinha industrial mais comuns e de menor custo, como balanças, panelas, liquidificadores, ventiladores e aparelhos de ar condicionado, além dos materiais de aço inoxidável, como formas para assar, mesas para produção, coifas, bandejas para estantes de congelamento e talheres podem ser adquiridos em lojas de equipamentos e utilidades para cozinhas industriais, disponíveis nas principais cidades do país. A maquinaria mais pesada – fornos, batedeiras industriais, misturadores, fritadeiras industriais, câmaras frias, estantes de congelamento, refrigeradores, máquinas empacotadoras, por exemplo – pode ser fornecida pelas próprias empresas fabricantes existentes no país, distribuidores ou as mesmas lojas de equipamentos e utilidades para cozinhas industriais, que representam diversas indústrias nacionais e importadas.
Levando-se em consideração os elementos de sustentabilidade, no momento da escolha dos fornecedores, pode-se priorizar a seleção de fornecedores locais como organizações regionais, agricultores e cooperativas para que a economia da região seja beneficiada com as atividades da empresa, uma prática socialmente justa. Da mesma forma, a preocupação com o meio ambiente também deve ser levada em consideração a partir da escolha por empresas cujas políticas e diretrizes sociais e ambientais estejam alinhadas com as suas, como escolha por fornecedores sustentáveis e certificados. A questão da sustentabilidade econômica também deve ser observada nas negociações com os fornecedores, que devem ser justas e apresentar viabilidade para ambas as partes do negócio.

3. Localização







No momento da escolha do ponto para localização da empresa deve-se primeiramente levantar a questão de como pretende ser sua configuração perante o mercado: se somente atuar através de uma fábrica com vendas por distribuidores e atacado, por exemplo, ou se contará ainda com um ponto comercial próprio para comercializar seus produtos.
No caso da atuação da empresa ser através de uma fábrica com vendas para distribuidores e atacado, a região de localização da fábrica deve priorizar a escolha por regiões periféricas aos municípios, as quais normalmente apresentam opções de compra ou aluguel de espaço de custo mais baixo do que em bairros residenciais e comerciais. Neste caso, não há necessidade de se localizar próximo ao mercado consumidor, mas se deve atentar à escolha por um local que tenha fácil acesso rodoviário para a chegada de fornecedores e transporte de mercadorias.
Caso a fábrica opte por possuir uma loja anexa ou um ponto comercial separado da unidade de produção, para que os produtos possam ser comercializados, deve-se dar preferência para instalação em zonas de grande concentração de pessoas, localizada estrategicamente no caminho de volta do trabalho para casa das pessoas, por exemplo. A escolha por bairros que tenham população residente e trabalhadores locais com o perfil que se pretende atingir e a observância da concorrência do local são outros fatores que podem acarretar em maior sucesso do empreendimento.
Algumas especificidades do imóvel devem ser observadas:
•  As atividades a serem desenvolvidas no local devem respeitar o Plano Diretor do Município;
•  A planta do imóvel deve estar aprovada pela Prefeitura do município;
•  Custos de aquisição ou aluguel, impostos, taxas, assim como os custos para adaptar o imóvel para a realização de atividades de fabricação de alimentos congelados;
•  Os pagamentos das taxas e impostos do imóvel em dia;
•  O imóvel atende às necessidades operacionais referentes à localização, capacidade de instalação do negócio, possibilidade de expansão, características da vizinhança e disponibilidade dos serviços de água, luz, esgoto, telefone e internet.
•  O ponto é de fácil acesso, possui estacionamento para veículos, local para carga e descarga de mercadorias e conta com serviços de transporte coletivo nas redondezas.
•  O que a legislação local determina sobre o licenciamento das placas de sinalização. A escolha de local para a localização da empresa deve levar em consideração as questões de sustentabilidade cultural, através da observância do perfil do bairro ou da região em que se pretende instalar. Após a escolha do local, devem-se pesquisar as iniciativas ecológicas realizadas no bairro para se inserir no programa.


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