5. Estrutura
A
localização determina, essencialmente, a viabilidade econômico- financeira do
investimento no que se refere ao trabalho de movimentação de terra na
construção das instalações. A criação de camarões apresenta bons resultados de
crescimento quando submetido a temperaturas da água em torno de 25°C a 28°C.
Desta forma, recomenda-se que seja efetuado um levantamento das temperaturas
locais mensais, compreendendo o período dos últimos 10 anos, para que se possa
conseguir de duas a três safras anuais. Em áreas de topografia praticamente
plana esses trabalhos serão minimizados. Em terrenos acidentados,
evidentemente, haverá maior volume de trabalho de terraplanagem. É a topografia
que determinará o volume de terra a ser movimentado na construção das
instalações. Dela sairão os condicionantes de tipo, superfície, forma e o
número de viveiros. De um modo geral, terrenos com inclinação de até 2% são os
mais indicados, por serem menos onerosos e possibilitarem maior superfície de
área inundada.
Ainda
neste fator deve-se observar a distância e a cota entre o ponto de captação da
água e o local dos tanques e viveiros, correlacionando-se essa cota com o nível
mais elevado da área de tanques, de modo a permitir o abastecimento de água
através da gravidade. Em resumo, será necessária, para a construção do parque
aquático, determinar a declividade do terreno, a diferença de nível existente
nos diversos pontos que delimitamos viveiros e a linha de contorno e a medida
horizontal e angular. O solo mais adequado para viveiros é o que apresenta
condições intermediárias entre o arenoso e o argiloso, predominantemente
silte-argiloso (30 a 70%). O volume de água necessário é calculado em função da
área e da profundidade do viveiro. É extremamente recomendada a contratação de
um profissional qualificado para realizar esta avaliação técnica do local
pretendido a criação de camarão.
Tecnicamente,
a criação dos camarões se divide em duas fases: larvicultura e recria ou
engorda.
O
acondicionamento das pós-larvas para transporte é efetuado em sacos plásticos
de 60L de capacidade, preenchidos com 10 a 20 litros de água doce e o restante
com oxigênio. As densidades de estocagem chegam a 500 pós- larvas/litro,
ajustadas de acordo com o volume e o tempo de transporte, o que pode durar até
10 horas, sem prejuízo para os camarões. Os sacos plásticos são embalados em
caixas isotérmicas, cuja temperatura deve ser mantida entre 18º a 20ºC para
reduzir o metabolismo dos camarões durante o transporte. No sistema de recria
ou engorda, as pós-larvas são adquiridas e alocadas nos tanques. Estes tanques,
porém, devem ser cuidadosamente preparados para receber estas pós- larvas,
proporcionando a elas condições ótimas para o desenvolvimento.
O
preparo dos viveiros se resume em calagem e adubação, para proporcionar
melhores condições de desenvolvimento aos camarões. A calagem visa à correção
da acidez da água e do solo, sendo importante para regular alguns parâmetros
que proporcionam boa produtividade aos viveiros. O calcário dolomítico é o mais
recomendado e sua quantidade deverá ser calculada de acordo com os resultados
das análises de água e solo. De maneira geral, para uma primeira aplicação,
utiliza-se de 1 a 3 toneladas de calcário dolomítico por hectare. Deve-se
espalhá-lo no fundo do viveiro previamente umedecido, preenchê- lo com água até
a metade da sua capacidade, fechando-se as comportas de abastecimento e
drenagem. O viveiro permanecerá com metade da coluna d’água por,
aproximadamente, 7 dias, quando se procederá o seu total esvaziamento para dar
início à etapa de adubação.
A
adubação dos viveiros tem como objetivo incentivar o crescimento de organismos
bentônicos (larvas de insetos, anelídeos, etc.) que servirão de alimento
natural para o camarão. O adubo orgânico (esterco seco e curtido, de ave ou
gado) é o mais utilizado em viveiros recém-construídos ou naqueles que
estiveram fora de operação por longos períodos, nas proporções de 500 kg/ha e
1.000 kg/ha, respectivamente. Pode-se usar também a adubação química,
empregando-se como fonte de nitrogênio o sulfato de amônio ou nitrato de amônio
na quantidade de 40 a 50 kg/ha e, como fonte de fósforo, o superfosfato
simples, na mesma quantidade, ou superfosfato triplo na metade da dosagem.
As
vias de trânsito que se encontram dentro do seu limite de área, devem ter uma
superfície compacta e/ou pavimentada, apta para o tráfego de veículos e devem
possuir escoamento adequado. O material empregado na construção deve ser
próprio para a finalidade.
As
aberturas, como portas e janelas, localizadas na área de manipulação do
produto, devem estar dotadas de telas de proteção que não permitam a entrada de
insetos.
Todos
os equipamentos e utensílios das áreas de manipulação que possam entrar em
contato com a matéria-prima e produto, deverão ser constituídos de materiais
que não transmitam substâncias tóxicas, odores nem sabores, e sejam
impermeabilizados, bem como resistentes à corrosão e a repetidas operações de
limpeza e desinfecção.
Devem
ser evitados o uso de madeira e outros materiais que não possam ser limpos e
desinfetados adequadamente, a menos que não constituam comprovada fonte de
contaminação.
As
instalações, os equipamentos, os utensílios e o pessoal devem observar as
normas higiênico-sanitárias estabelecidas.
Deve
dispor de vestimenta apropriada para as pessoas que trabalham nas áreas de
manipulação dos produtos.
Deve
dispor de local apropriado para a deposição dos resíduos industriais, de forma
a não atrair insetos, roedores, pássaros, etc. e a preservar o meio ambiente.
Deve
dispor de laboratório próprio para controle de qualidade do produto ou
contratar serviços de terceiros para esta finalidade.
Deve
dispor de responsável técnico com competência profissional para a função.
Uma
vez registrado o Estabelecimento, só poderá ocorrer modificação em suas
instalações e/ou equipamento mediante prévia autorização do Ministério da
Agricultura, sob pena de infração.
Estas
informações podem ser obtidas através de uma rápida consulta num centro
tecnológico de aquicultura.
Além
destas disposições técnicas, as situações logísticas também devem ser
consideradas, quais sejam: estudo de mercado, infraestrutura local, acesso, mão
de obra, etc.
Adicionalmente,
dada a natureza do negócio, e do produto final, é essencial a observação de
determinadas normas básicas de higiene e fito sanitárias mínimas para sua
implantação, localizando o empreendimento longe de fontes poluentes.
6. Pessoal
Caso
o empreendedor resida no local onde for instalar sua criação de camarão e
dependendo do porte do seu criatório, ele poderá trabalhar com um ou dois
auxiliares de início. É importante ressaltar que a carcinicultura necessita de
dedicação integral por parte de quem a controla. Para dimensionar a mão-de-obra
necessária para um projeto de carcinicultura o empreendedor deve considerar
três categorias:
- Administrador em tempo integral com
treinamento para o gerenciamento de empreendimento em carcinicultura;
- Mão-de-obra permanente: em geral de três a
quatro trabalhadores para um pequeno empreendimento;
- Mão-de-obra eventual: visa atender às
necessidades complementares de mão-de-obra especialmente para as tarefas de
manutenção, limpeza e trabalho extraordinário.
Sugerimos
a contratação de um funcionário para a manutenção do cultivo, ou seja, para o
arraçoamento (feito 2 vezes por dia), a biometria (feita uma vez por mês),
vigilância do viveiro e verificação da temperatura, transparência e do pH da
água (feita diariamente).
7.
Equipamentos
Nenhum
projeto de carcinicultura pode funcionar sem uma infraestrutura mínima capaz de
atender às necessidades gerais de uma produção, assim como suas peculiaridades.
Dependendo da estrutura escolhida, uma criação de camarão de água doce irá
necessitar, no mínimo, dos seguintes equipamentos:
- Disco de Secchi - medição de transparência da
água;
- Termômetro - medição da temperatura da água;
- Oxímetro - medição do oxigênio dissolvido da
água, ou kits para análise química do Oxigênio Dissolvido;
- pHmetro - medição do pH da água;
- Aeradores manuais ou automáticos;
- Bandejas para colocar rações;
- Redes de pesca - usada na despesca;
- Tarrafas - usada na biometria (acompanhamento
do desenvolvimento em peso e comprimento do animal);
- Tela protetora - protege a entrada de
predadores e saída de camarões.
- Veículo para transporte e entrega;
- Bomba d’água-Compressor;
- Carrinhos de mão, foice, pá e picaretas;
- Freezer;
- Balanças;
- Caixas de fibrocimento.
Além
da necessidade de um escritório, uma oficina e galpão para estocagem e manuseio
de rações e medicamentos para os camarões e produtos químicos. A existência de
instalação de rede elétrica externa (propriedade com de eletrificação rural) é
essencial para o empreendimento.
8.
Matéria Prima/Mercadoria
A
gestão de estoques no varejo é a procura do constante equilíbrio entre a oferta
e a demanda. Este equilíbrio deve ser sistematicamente aferido através de,
entre outros, os seguintes três importantes indicadores de desempenho:
Giro
dos estoques: o giro dos estoques é um indicador do número de vezes em que o
capital investido em estoques é recuperado através das vendas. Usualmente é
medido em base anual e tem a característica de representar o que aconteceu no
passado.
Obs.:
Quanto maior for a freqüência de entregas dos fornecedores, logicamente em
menores lotes, maior será o índice de giro dos estoques, também chamado de
índice de rotação de estoques.
Cobertura
dos estoques: o índice de cobertura dos estoques é a indicação do período de
tempo que o estoque, em determinado momento, consegue cobrir as vendas futuras,
sem que haja suprimento.
Nível
de serviço ao cliente: o indicador de nível de serviço ao cliente para o
ambiente do varejo de pronta entrega, isto é, aquele segmento de negócio em que
o cliente quer receber a mercadoria, ou serviço, imediatamente após a escolha;
demonstra o número de oportunidades de venda que podem ter sido perdidas, pelo
fato de não existir a mercadoria em estoque ou não se poder executar o serviço
com prontidão.
Portanto,
o estoque dos produtos deve ser mínimo, visando gerar o menor impacto na
alocação de capital de giro. O estoque mínimo deve ser calculado levando-se em
conta o número de dias entre o pedido de compra e a entrega dos produtos na
sede da empresa.
No
caso da carcinicultura, os insumos são as larvas para a criação de camarões e
os insumos necessários, tais como a ração, fertilizantes, produtos químicos
para correção de pH, entre outros.
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