sábado, 6 de junho de 2015

Como montar uma criação de camarão - PARTE 3

5. Estrutura





A localização determina, essencialmente, a viabilidade econômico- financeira do investimento no que se refere ao trabalho de movimentação de terra na construção das instalações. A criação de camarões apresenta bons resultados de crescimento quando submetido a temperaturas da água em torno de 25°C a 28°C. Desta forma, recomenda-se que seja efetuado um levantamento das temperaturas locais mensais, compreendendo o período dos últimos 10 anos, para que se possa conseguir de duas a três safras anuais. Em áreas de topografia praticamente plana esses trabalhos serão minimizados. Em terrenos acidentados, evidentemente, haverá maior volume de trabalho de terraplanagem. É a topografia que determinará o volume de terra a ser movimentado na construção das instalações. Dela sairão os condicionantes de tipo, superfície, forma e o número de viveiros. De um modo geral, terrenos com inclinação de até 2% são os mais indicados, por serem menos onerosos e possibilitarem maior superfície de área inundada.

Ainda neste fator deve-se observar a distância e a cota entre o ponto de captação da água e o local dos tanques e viveiros, correlacionando-se essa cota com o nível mais elevado da área de tanques, de modo a permitir o abastecimento de água através da gravidade. Em resumo, será necessária, para a construção do parque aquático, determinar a declividade do terreno, a diferença de nível existente nos diversos pontos que delimitamos viveiros e a linha de contorno e a medida horizontal e angular. O solo mais adequado para viveiros é o que apresenta condições intermediárias entre o arenoso e o argiloso, predominantemente silte-argiloso (30 a 70%). O volume de água necessário é calculado em função da área e da profundidade do viveiro. É extremamente recomendada a contratação de um profissional qualificado para realizar esta avaliação técnica do local pretendido a criação de camarão.

Tecnicamente, a criação dos camarões se divide em duas fases: larvicultura e recria ou engorda.

O acondicionamento das pós-larvas para transporte é efetuado em sacos plásticos de 60L de capacidade, preenchidos com 10 a 20 litros de água doce e o restante com oxigênio. As densidades de estocagem chegam a 500 pós- larvas/litro, ajustadas de acordo com o volume e o tempo de transporte, o que pode durar até 10 horas, sem prejuízo para os camarões. Os sacos plásticos são embalados em caixas isotérmicas, cuja temperatura deve ser mantida entre 18º a 20ºC para reduzir o metabolismo dos camarões durante o transporte. No sistema de recria ou engorda, as pós-larvas são adquiridas e alocadas nos tanques. Estes tanques, porém, devem ser cuidadosamente preparados para receber estas pós- larvas, proporcionando a elas condições ótimas para o desenvolvimento.

O preparo dos viveiros se resume em calagem e adubação, para proporcionar melhores condições de desenvolvimento aos camarões. A calagem visa à correção da acidez da água e do solo, sendo importante para regular alguns parâmetros que proporcionam boa produtividade aos viveiros. O calcário dolomítico é o mais recomendado e sua quantidade deverá ser calculada de acordo com os resultados das análises de água e solo. De maneira geral, para uma primeira aplicação, utiliza-se de 1 a 3 toneladas de calcário dolomítico por hectare. Deve-se espalhá-lo no fundo do viveiro previamente umedecido, preenchê- lo com água até a metade da sua capacidade, fechando-se as comportas de abastecimento e drenagem. O viveiro permanecerá com metade da coluna d’água por, aproximadamente, 7 dias, quando se procederá o seu total esvaziamento para dar início à etapa de adubação.

A adubação dos viveiros tem como objetivo incentivar o crescimento de organismos bentônicos (larvas de insetos, anelídeos, etc.) que servirão de alimento natural para o camarão. O adubo orgânico (esterco seco e curtido, de ave ou gado) é o mais utilizado em viveiros recém-construídos ou naqueles que estiveram fora de operação por longos períodos, nas proporções de 500 kg/ha e 1.000 kg/ha, respectivamente. Pode-se usar também a adubação química, empregando-se como fonte de nitrogênio o sulfato de amônio ou nitrato de amônio na quantidade de 40 a 50 kg/ha e, como fonte de fósforo, o superfosfato simples, na mesma quantidade, ou superfosfato triplo na metade da dosagem.

As vias de trânsito que se encontram dentro do seu limite de área, devem ter uma superfície compacta e/ou pavimentada, apta para o tráfego de veículos e devem possuir escoamento adequado. O material empregado na construção deve ser próprio para a finalidade.

As aberturas, como portas e janelas, localizadas na área de manipulação do produto, devem estar dotadas de telas de proteção que não permitam a entrada de insetos.

Todos os equipamentos e utensílios das áreas de manipulação que possam entrar em contato com a matéria-prima e produto, deverão ser constituídos de materiais que não transmitam substâncias tóxicas, odores nem sabores, e sejam impermeabilizados, bem como resistentes à corrosão e a repetidas operações de limpeza e desinfecção.

Devem ser evitados o uso de madeira e outros materiais que não possam ser limpos e desinfetados adequadamente, a menos que não constituam comprovada fonte de contaminação.

As instalações, os equipamentos, os utensílios e o pessoal devem observar as normas higiênico-sanitárias estabelecidas.

Deve dispor de vestimenta apropriada para as pessoas que trabalham nas áreas de manipulação dos produtos.

Deve dispor de local apropriado para a deposição dos resíduos industriais, de forma a não atrair insetos, roedores, pássaros, etc. e a preservar o meio ambiente.

Deve dispor de laboratório próprio para controle de qualidade do produto ou contratar serviços de terceiros para esta finalidade.

Deve dispor de responsável técnico com competência profissional para a função.

Uma vez registrado o Estabelecimento, só poderá ocorrer modificação em suas instalações e/ou equipamento mediante prévia autorização do Ministério da Agricultura, sob pena de infração.

Estas informações podem ser obtidas através de uma rápida consulta num centro tecnológico de aquicultura.

Além destas disposições técnicas, as situações logísticas também devem ser consideradas, quais sejam: estudo de mercado, infraestrutura local, acesso, mão de obra, etc.

Adicionalmente, dada a natureza do negócio, e do produto final, é essencial a observação de determinadas normas básicas de higiene e fito sanitárias mínimas para sua implantação, localizando o empreendimento longe de fontes poluentes.


6. Pessoal





Caso o empreendedor resida no local onde for instalar sua criação de camarão e dependendo do porte do seu criatório, ele poderá trabalhar com um ou dois auxiliares de início. É importante ressaltar que a carcinicultura necessita de dedicação integral por parte de quem a controla. Para dimensionar a mão-de-obra necessária para um projeto de carcinicultura o empreendedor deve considerar três categorias:

-  Administrador em tempo integral com treinamento para o gerenciamento de empreendimento em carcinicultura;
-  Mão-de-obra permanente: em geral de três a quatro trabalhadores para um pequeno empreendimento;
-  Mão-de-obra eventual: visa atender às necessidades complementares de mão-de-obra especialmente para as tarefas de manutenção, limpeza e trabalho extraordinário.



Sugerimos a contratação de um funcionário para a manutenção do cultivo, ou seja, para o arraçoamento (feito 2 vezes por dia), a biometria (feita uma vez por mês), vigilância do viveiro e verificação da temperatura, transparência e do pH da água (feita diariamente).

7. Equipamentos

Nenhum projeto de carcinicultura pode funcionar sem uma infraestrutura mínima capaz de atender às necessidades gerais de uma produção, assim como suas peculiaridades. Dependendo da estrutura escolhida, uma criação de camarão de água doce irá necessitar, no mínimo, dos seguintes equipamentos:

-  Disco de Secchi - medição de transparência da água;

-  Termômetro - medição da temperatura da água;
-  Oxímetro - medição do oxigênio dissolvido da água, ou kits para análise química do Oxigênio Dissolvido;
-  pHmetro - medição do pH da água;
-  Aeradores manuais ou automáticos;
-  Bandejas para colocar rações;
-  Redes de pesca - usada na despesca;
-  Tarrafas - usada na biometria (acompanhamento do desenvolvimento em peso e comprimento do animal);
-  Tela protetora - protege a entrada de predadores e saída de camarões.

-  Veículo para transporte e entrega;
-  Bomba d’água-Compressor;
-  Carrinhos de mão, foice, pá e picaretas;
-  Freezer;
-  Balanças;
-  Caixas de fibrocimento.

Além da necessidade de um escritório, uma oficina e galpão para estocagem e manuseio de rações e medicamentos para os camarões e produtos químicos. A existência de instalação de rede elétrica externa (propriedade com de eletrificação rural) é essencial para o empreendimento.


8. Matéria Prima/Mercadoria

A gestão de estoques no varejo é a procura do constante equilíbrio entre a oferta e a demanda. Este equilíbrio deve ser sistematicamente aferido através de, entre outros, os seguintes três importantes indicadores de desempenho:

Giro dos estoques: o giro dos estoques é um indicador do número de vezes em que o capital investido em estoques é recuperado através das vendas. Usualmente é medido em base anual e tem a característica de representar o que aconteceu no passado.

Obs.: Quanto maior for a freqüência de entregas dos fornecedores, logicamente em menores lotes, maior será o índice de giro dos estoques, também chamado de índice de rotação de estoques.

Cobertura dos estoques: o índice de cobertura dos estoques é a indicação do período de tempo que o estoque, em determinado momento, consegue cobrir as vendas futuras, sem que haja suprimento.

Nível de serviço ao cliente: o indicador de nível de serviço ao cliente para o ambiente do varejo de pronta entrega, isto é, aquele segmento de negócio em que o cliente quer receber a mercadoria, ou serviço, imediatamente após a escolha; demonstra o número de oportunidades de venda que podem ter sido perdidas, pelo fato de não existir a mercadoria em estoque ou não se poder executar o serviço com prontidão.

Portanto, o estoque dos produtos deve ser mínimo, visando gerar o menor impacto na alocação de capital de giro. O estoque mínimo deve ser calculado levando-se em conta o número de dias entre o pedido de compra e a entrega dos produtos na sede da empresa.


No caso da carcinicultura, os insumos são as larvas para a criação de camarões e os insumos necessários, tais como a ração, fertilizantes, produtos químicos para correção de pH, entre outros.

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