sábado, 6 de junho de 2015

Como montar um serviço de aluguel de trajes para casamentos e festas - PARTE 2

2. Mercado




De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio (Pnad) 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o brasileiro está casando mais. Em 2008, o total de casamentos registrados foi de 959.901, cerca de 5% a mais do que o número observado em 2007. Os números do IBGE indicam um potencial de expansão para o mercado, considerando que o número de matrimônios gira em torno de 1 milhão por ano. O IBGE atribui esse aumento à melhoria do acesso aos serviços de Justiça, particularmente ao registro civil de casamento e a iniciativas que facilitaram o acesso da população nos aspectos burocráticos e econômicos.
Atualmente, casamento é um verdadeiro evento. É preciso planejar cada detalhe: a igreja, o bufê, as flores, uma boa música, e até a produção de vídeos e álbuns de fotos. Os noivos investem alto para transformar o sonho em um verdadeiro espetáculo para os convidados. E quem lucra com isso são as pequenas empresas especializadas em serviços para casamento.
A Indústria do casamento movimenta cerca de R$ 10 bilhões por ano no país, com um custo médio de R$ 35 mil por cerimônia. Surpreendentemente, os meses de maior movimento são abril e setembro. Maio, o chamado mês das noivas, já não corresponde mais à preferência nacional. Devido às festas de fim de ano e ao carnaval, dezembro, janeiro e fevereiro são os meses mais fracos. E por superstição, agosto também registra pouco movimento, por ser tido como mês de mau agouro.
Desde que Grace Kelly abandonou a carreira de atriz para se casar com o príncipe Rainier, de Mônaco, em 1956, até os dias de hoje, com o casamento de Kate Middleton com o príncipe William, seus vestidos e estilo são referências para muitas noivas. O modelo usado por Kate mexeu com a imaginação das futuras noivas, evidenciando a importância da atenção às tendências da moda para o negócio de aluguel de trajes para casamentos e festas. Em pouco tempo, o modelo já estava nas vitrines do mundo todo.
A expansão do setor no Brasil é igualmente estimulada pelas festas de formatura, já que o número de estudantes formados por ano na educação superior triplicou na última década, passando de 350 mil para 950 mil. Contudo, o mercado de aluguel de trajes não se limita à agenda das cerimônias de casamento e formaturas.
É cada vez maior o número de pessoas que optam por alugar roupas para comparecer em festas e eventos de gala. Trata-se de uma excelente opção para quem não quer repetir a mesma roupa em vários eventos e para quem não pretende gastar muitos recursos com a compra de roupas novas.
Empresários do ramo investem em tecnologia para atrair clientes e ganhar espaço no mercado. Além disto, para se diferenciar e garantir a clientela, é fundamental cumprir prazos e oferecer qualidade e inovação. Apesar de toda a tradição e conservadorismo que envolve esse tipo de festa, é cada vez maior o número de empreendedores que buscam inovar na prestação de serviços e oferta de produtos aos noivos.
De olho na inovação, empresários do negócio de aluguel de trajes para casamentos e festas investem na oferta do primeiro aluguel do vestido de noiva pela Internet. Devido ao risco intrínseco ao negócio, recomenda-se a realização de ações de pesquisa de mercado para avaliar a demanda e a concorrência. Seguem algumas sugestões:
 pesquisa em fontes como prefeitura, guias, IBGE e associações de bairro para quantificação do mercado alvo;
pesquisa a guias especializados e revistas de cerimônias de casamento; visita aos concorrentes diretos,
identificando os pontos fortes e fracos dos estabelecimentos que trabalham no mesmo nicho;
participação em seminários especializados.


3. Localização

A localização do ponto comercial é uma das decisões mais relevantes para uma loja de aluguel de trajes para casamentos e festas. Dentre todos os aspectos importantes para a escolha do ponto, deve-se considerar prioritariamente a densidade populacional, o perfil dos consumidores locais, a concorrência, os fatores de acesso e locomoção, a visibilidade, a proximidade com fornecedores, a segurança e a limpeza do local.
Tenha em mente que os clientes buscam comodidade e segurança na hora de alugar trajes. Alguns detalhes devem ser observados na escolha do imóvel:
- O imóvel atende às necessidades operacionais referentes à localização, capacidade de instalação do negócio, possibilidade de expansão, características da vizinhança e disponibilidade dos serviços de água, luz, esgoto, telefone e internet?·
- O ponto é de fácil acesso, possui estacionamento para veículos, local para carga e descarga de mercadorias e conta com serviços de transporte coletivo nas redondezas?
- O local está sujeito a inundações ou próximo a zonas de risco?
- O imóvel está legalizado e regularizado junto aos órgãos públicos municipais?
- A planta do imóvel está aprovada pela Prefeitura?
- Houve alguma obra posterior, aumentando, modificando ou diminuindo a área primitiva?
- Existe projeto para desapropriação da área?
- As atividades a serem desenvolvidas no local respeitam a Lei de Zoneamento ou o Plano Diretor do Município?
- Os pagamentos do IPTU referente ao imóvel encontram-se em dia?
- O que a legislação local determina sobre o licenciamento das placas de sinalização?


4. Exigências Legais e Específicas

Para registrar uma empresa, a primeira providência é contratar um contador – profissional legalmente habilitado para elaborar os atos constitutivos da empresa, auxiliá-lo na escolha da forma jurídica mais adequada para o seu projeto e preencher os formulários exigidos pelos órgãos públicos de inscrição de pessoas jurídicas.
O contador pode informar sobre a legislação tributária pertinente ao negócio. Mas, no momento da escolha do prestador de serviço, deve-se dar preferência a profissionais indicados por empresários com negócios semelhantes. Para legalizar a empresa, é necessário procurar os órgãos responsáveis para as devidas inscrições. As etapas do registro são:
a) Registro de empresa nos seguintes órgãos: - Junta Comercial; - Secretaria da Receita Federal (CNPJ); - Secretaria Estadual da Fazenda; - Prefeitura do Município para obter o alvará de funcionamento; - Enquadramento na Entidade Sindical Patronal (a empresa ficará obrigada ao recolhimento anual da Contribuição Sindical Patronal); - Cadastramento junto à Caixa Econômica Federal no sistema “Conectividade Social – INSS/FGTS”; - Corpo de Bombeiros Militar.
b) Visita a prefeitura da cidade onde pretende montar a sua loja (quando for o caso) para fazer a consulta de local;
c) Obtenção do alvará de licença sanitária – adequar às instalações de acordo com o Código Sanitário (especificações legais sobre as condições físicas). Em âmbito federal a fiscalização cabe a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, estadual e municipal fica a cargo das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde (quando for o caso);
d)·Preparar e enviar o requerimento ao Chefe do DFA/SIV do seu Estado, solicitando a vistoria das instalações e equipamentos; e) Registro do produto (quando for o caso). CDC As empresas que fornecem serviços e produtos no mercado de consumo devem observar as regras de proteção ao consumidor, estabelecidas pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). O CDC, publicado em 11 de setembro de 1990, regula a relação de consumo em todo o território brasileiro, na busca de equilibrar a relação entre consumidores e fornecedores. O CDC somente se aplica às operações comerciais em que estiver presente a relação de consumo, isto é, nos casos em que uma pessoa (física ou jurídica) adquire produtos ou serviços como destinatário final. Ou seja, é necessário que em uma negociação estejam presentes o fornecedor e o consumidor, e que o produto ou serviço adquirido satisfaça as necessidades próprias do consumidor, na condição de destinatário final. Portanto, operações não caracterizadas como relação de consumo não estão sob a proteção do CDC, como ocorre, por exemplo, nas compras de mercadorias para serem revendidas pela casa. Nestas operações, as mercadorias adquiridas se destinam à revenda e não ao consumo da empresa. Tais negociações se regulam pelo Código Civil brasileiro e legislações comerciais específicas. Alguns itens regulados pelo CDC são:
Forma adequada de oferta e exposição dos produtos destinados à venda, fornecimento de orçamento prévio dos serviços a serem prestados, cláusulas contratuais consideradas abusivas, responsabilidade dos defeitos ou vícios dos produtos e serviços, os prazos mínimos de garantia, cautelas ao fazer cobranças de dívidas.



5. Estrutura





Para uma estrutura mínima, com um ponto comercial e uma oficina para pequenos reparos nos fundos, estima-se ser necessária uma área de 100 m², com flexibilidade para ampliação conforme o desenvolvimento do negócio. Os ambientes podem ser divididos em área para atendimento, mostruário, provadores, banheiro e oficina.

O local de trabalho deve ser limpo e organizado. O piso, a parede e o teto devem estar conservados e sem rachaduras, goteiras, infiltrações, mofos e descascamentos. O piso deve ser de alta resistência e durabilidade, além de fácil manutenção. Cerâmicas e ladrilhos coloridos proporcionam um toque especial, enquanto granito e porcelanato oferecem luxo e sofisticação ao ambiente. Paredes pintadas com tinta acrílica facilitam a limpeza. Texturas e tintas especiais na fachada externa personalizam e valorizam o ponto.

Sempre que possível, deve-se aproveitar a luz natural. No final do mês, a economia da conta de luz compensa o investimento. Quanto às artificiais, a preferência é pelas lâmpadas fluorescentes.

Profissionais qualificados (arquitetos, engenheiros, decoradores) poderão ajudar a definir as alterações a serem feitas no imóvel escolhido para funcionamento da loja, orientando em questões sobre ergometria, fluxo de operação, design dos móveis, iluminação, ventilação, etc.

A iluminação artificial deve ser projetada para proporcionar o maior rendimento e conforto para os trabalhadores. É importante que a iluminação seja distribuída de forma uniforme, geral e difusa, evitando ofuscamentos, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos. Para maiores informações, sugere-se consultar a NBR 5413/92, que regulamenta a iluminação artificial em interiores onde se realizem atividades de comércio e indústria.

Se não houver disponibilidade permanente de vagas nas proximidades, recomenda-se manter convênio com algum estacionamento próximo.

  
6. Pessoal

O número de funcionários varia de acordo com o tamanho do empreendimento. Para a estrutura anteriormente sugerida, a loja exige a seguinte equipe:
a) Gerente: responsável pelas atividades administrativas, financeiras, de controle de estoque e da comercialização. Deve ter conhecimento da gestão do negócio, do processo produtivo e do mercado. Deve conhecer em profundidade o perfil dos clientes para definir o que comprar e quanto pagar pelos trajes. Pode ser o proprietário;
b) Vendedor: responsável pelo atendimento aos clientes. Suas principais qualidades devem ser: - Conhecer em profundidade os produtos oferecidos; - Entender as necessidades dos clientes; - Conhecer a cultura e o funcionamento da empresa; - Conhecer as tendências do mercado; - Desenvolver relacionamentos duradouros com os clientes; - Transmitir confiabilidade e carisma; - Atualizar-se sobre as novidades do segmento; - Zelar pelo bom atendimento após a compra.
c)·Costureira: responsável por pequenos consertos nas peças adquiridas e devolvidas. Deve ser capaz de pregar botões, costurar ajustes e fazer barras em calças;
d) Lavadeira e passadeira: responsável por lavar e passar as peças alugadas. Se preferir, o empreendedor pode optar por terceirizar os serviços de costura e lavanderia.
É imprescindível que esses profissionais sejam alfabetizados. Além disso, outras características interessantes são: - agilidade - raciocínio rápido - capacidade de observação - paciência - facilidade de organização - flexibilidade - disponibilidade de horário - simpatia - bom humor - pró-atividade - responsabilidade - urbanidade - discrição - controle emocional.
Normalmente, a loja funciona em horário comercial de 10h às 18h. Sábados e domingos são dias de grande faturamento. Dependendo do movimento e da época do ano, pode ser necessária a ampliação do horário de funcionamento, exigindo a contratação temporária de mais vendedores. Esta expansão do negócio precisa ser planejada conforme o aumento da receita.
A qualificação de profissionais aumenta o comprometimento com a empresa, eleva o nível de retenção de funcionários, melhora o desempenho do negócio e diminui os custos trabalhistas com a rotatividade de pessoal.
O treinamento dos colaboradores deve desenvolver as seguintes competências:· - Capacidade de percepção para entender e atender as expectativas dos clientes; - Agilidade e presteza no atendimento; - Capacidade de apresentar e vender os produtos da loja; - Motivação para crescer juntamente com o negócio.
Deve-se estar atento para a Convenção Coletiva do Sindicato dos Trabalhadores nessa área, utilizando-a como balizadora dos salários e orientadora das relações trabalhistas, evitando, assim, consequências desagradáveis.
O empreendedor pode participar de seminários, congressos e cursos direcionados ao seu ramo de negócio, para manter-se atualizado e sintonizado com as tendências do setor.
Uma das principais dúvidas dos empreendedores diz respeito à contratação de pessoas físicas (profissionais autônomos) ou jurídicas (empresas) para prestação de serviços sem vínculo empregatício. A fim de diminuir os encargos sociais, as empresas buscam a “terceirização”. No entanto, é fundamental estar atento ao tipo de atividade que pode ser terceirizada. Não é possível contratar terceiros para realizarem serviços relacionados às atividades que justificaram a criação da empresa. A contratação pode abranger atividades intermediárias da contratante, desde que não haja relação de emprego entre as partes. Ou seja, a relação entre contratante e contratado não pode ser como aquela existente entre patrão e empregado, caracterizada pelos elementos de subordinação, habitualidade, horário, pessoalidade e salário.
Vantagens da contratação de serviços de terceiros: - Mais participação dos dirigentes nas atividades-fim da empresa. - Concentração dos talentos no negócio principal da empresa. - Maior facilidade na gestão do pessoal e das tarefas. - Possibilidade de rescisão do contrato conforme as condições preestabelecidas. - Controle da atividade terceirizada por conta da própria empresa contratada.
Desvantagens que este tipo de contratação pode acarretar:
- Sofrer autuação do Ministério do Trabalho e ações trabalhistas em caso de inobservância das obrigações mencionadas no item acima. - Fiscalização dos serviços prestados para verificar se o contrato de prestação de serviços está sendo cumprido integralmente, conforme o combinado. - Risco de contratação de empresa não qualificada. Antes da contratação, recomenda-se verificar se o pessoal disponibilizado pela empresa terceirizada consta como registrado, e se os direitos trabalhistas e previdenciários estão sendo respeitados e pagos.



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